O disco faz 18 anos este ano também, assim como o Illmatic, já analisado aqui. Ready To Die só terá sua maior idade ainda em Setembro, mas resolvi adiantar um review para vocês leitores do site nesse dia das mães. Espero que gostem! Paz. – @JhonatanakaJoe
Ready to Die é um projeto incrível. Começado em meados de 1993, o disco que alavancou a Bad Boy Records, transformou Notorious BIG em um dos melhores rappers de todos os tempos e trouxe de volta o rap de NYC passou por dois processos de gravação. Ainda na Uptown Records, Biggie tinha assinado com Diddy, mas o mesmo foi demitido. Algumas faixas haviam sido gravadas, como Things Done Changed e Gimme The Loot, e é nessas faixas que vemos uma das fases do álbum. Essas duas faixas são mais obscuras, certamente não tocariam em rádios. Things Done Changed narra os corres de Biggie no tráfico pelas ruas nova iorquinas, e problemas pessoais. Gimme The Loot narra um espécie de assalto, é uma troca de versos violenta mas bastante interessante de Biggie e ele mesmo, só que com um flow bastante diferente. Depois de algumas faixas como essa, a demissão de Diddy aconteceu. A carreira do rapper de Bed Stuy estava ameaçada, então o mesmo voltou a traficar nas ruas, mas dessa vez na Carolina do Norte. Biggie voltou aos estúdios quando Diddy fundou a Bad Boy Records, já era quase 1994, e a gravação terminou. Nessas primeiras faixas, Biggie foi bastante criticado por revistas, mas na volta ao estúdio, Biggie se mostrou um cara mais seguro nas rimas, e montou o clássico.
Ready to Die em um conceito interessante, trata-se do nascimento (intro) até a morte – no caso, suícidio em Suicidal Thoughts – de um personagem. A vida de Biggie é contada de pé a ponta por ele, fazendo um conceito até a morte como já foi dito. Começa com o tráfico nas ruas, os problemas enfrentados por começar a ganhar grana, o auge, o stress, até o suspiro final. É como um filme auto biográfico que Biggie da seu próprio final, ele incorpora no disco os temas como violência, tráfico, sentimentos próprios que foram vividos, e isso é o ponto alto do disco. As rimas de Biggie como a maioria sabe, são facéis de entender, mas mesmo assim geniais, com o flow magnifico de Biggie o sentimento de ouvir um disco como esse é indescritivel. Mas voltando ao conceito do disco, das primeiras faixas apenas Machine Gun Funk tem um tema mais “leve”, mas mesmo assim tem de suas agressividades. Faixas como as já citadas Things Done Changed e Gimme The Loot além de Warningsão bastante pesadas, quem imaginaria tocar algo assim no rádio? É assim que a parte mais leve do disco de Biggie chega, quem iria tocar faixas que dizem “…Os manos estão sendo massacrados, G, acredite em mim/Papo reto, você tem o seu pescoço cortado rapidamente…” como Things Done Changed nas rádios? Ou a incrível narrativa Warning, que tem partes como “…Vai haver muito canto funerário e muitas flores se o meu alarme contra ladrão disparar/Pra que você acha que servem todas essas armas?” A explícita One More Chance, com vocais de Mary J. Blige da um ‘novo ar’ ao disco, começa com uma criança – possivelmente T’yanna Wallace – falando “…Todas as vadias ligando pra cá querendo saber do meu pai, larguem o pau dele…” e com esse começo, para alguns até que cômico, Biggie começa receber mensagens de mulheres até começar a rimar suas aventuras sexuais, e se gabar sobre suas proezas. A faixa fez bastante sucesso chegando ao topo dos charts americanos. Depois de uma interlude que recomendo vocês tirarem do disco caso queiram ouvir alto para evitar constrangimentos (Fuck Me), Biggie aparece com The What com a participação de ninguém mais ninguém menos que o membro do Wu-Tang Clan, Method Man. É uma faixa agressiva, típica dos anos 90, com punchlines nervosas, simplesmente um rap pesado! Por exemplo, temos a linha “…Do Method você só tem o seu rabo surrado…” é um ótimo som, um dos meus favoritos do disco, até por que tráz um inspirado Method Man, que é sem dúvidas um dos meus MCs favoritos. Depois de The What temos talvez o maior sucesso do disco, Juicy, sobre um sample interessante do grupo de Soul, Mtume – sample que Nas queria para Life’s a Bitch – Biggie rima sobre todos os seus sonhos, do que costumava fazer, e no que se tornou com o rap. O mesmo não acreditava no que estava a se passar, é uma faixa linda! Os vocais de Puffy Daddy – a alcunha de Diddy na época – são grudantes e bem harmonizados com a batida. Chegamos a Everyday Struggle, faixa com um dos refrãos mais interessantes do disco, a faixa fala sobre Biggie estar cansado de ficar traficando e coisas do tipo, fala sobre algumas perspectivas da vida de Biggie que se tornaram reais, ele fala sobre a fama também, da mesma forma do tráfico. Me And My Bitch é um som simples, e como o nome já diz, fala sobre o relacionamento de Biggie e uma mina. Esta faixa é que antecipa o som clássico, Big Poppa. Produzida por Chucky Thompson e Diddy é uma das mais conhecidas faixas de Biggie e do disco, é semelhante ao tema de One More Chance, fala de garotas e festejar com elas. Biggie lança belas linhas sobre este som que ficou também entre os primeiros lugares dos charts americanos. As outras faixas falam bastante sobre as ruas, Respect por exemplo. Friend Of Mine fala de ‘vadias’, não tem tanto destaque no disco, mas é uma faixa interessante assim como todas do disco. Unbelievableconta um pouco do Brooklyn, falando de violência e temas do tipo que ‘povoam’ o disco. A sinistra Suicidal Thoughts finaliza o disco. Ela é uma espécie de “último telefonema” de um cara que está prestes a se suicidar, Biggie conta seus erros, falando dele próprio como um ninguém. No final temos um tiro, e com tal faixa sinistra e agoniante o conceito do disco é finalizado incrivelmente.
A produção do disco não deixa a desejar, assim como as letras. Cheia de samples clássicos do soul e jazz, Biggie geralmente rima sobre beats calmos. O disco é cheio de vocais, vamos de Diddy até Mary J. Blige. Muitas delas não entram no conceito da letra, mas não importa, Biggie é incrível sobre as mesmas.
O resumo de tudo isso, é um álbum clássico, cinco estrelas, que fala de violência, experiências próprias, drogas, mulheres, e de tudo que possamos pensar que se passou na vida de Biggie. Ready to Die acabou que por trazer NYC de volta pro jogo com grande estilo e marcando o nome do jovem Christopher George Latore Wallace não só no mundo do rap, mas sim no mundo da música.
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