Karol ConkáPOR Fernando Martins Ferreira
“Com o tempo eu fui vendo, vivendo e entendendo que somos simples criaturas em desenvolvimento. Somos todos reféns do proprio sentimento, afogando as mágoas numa piscina de lamentos”. É assim que a rapper curitibana Karol Conká inicia seu primeiro EP, homônimo, com a levada de “Melhor Que Se Faz”, produzida por Nel Sentimentum. A reflexão melancólica, entretanto, é apenas um lado das rimas de Karol, que deixa claro que a pegada de seu trabalho é contar histórias por meio da alegria, mostrando um mundo real – e por vezes difícil - pautado por uma visão otimista.
Depois de vários shows em São Paulo, novos sons e a preparação de seu primeiro álbum de estúdio, Karol lançou o clipe “Boa Noite”, faixa com produção de Nave, e é uma das indicadas a Aposta do Ano no VMB 2011. Risonha e articulada, a rapper que quase virou cantora de MPB adiantou para a Soma detalhes de seu novo álbum, um pouco de sua pesquisa de ritmos brasileiros e ambições a respeito do cenário do rap nacional. “Quero incluir um elemento de fábula na hora de contar as minhas histórias e ajudar na construção de novas narrativas”, explica ela.
Leia a entrevista completa na edição 26 da revista Soma, que chega a nossos pontos de distribuição no início de dezembro.
Como você começou a se interessar pelo rap, sendo que você já comentou várias vezes que a sua criação veio mais do samba? Inclusive você já comentou que queria ser cantora de MPB.
Na estante da minha casa só tinha samba de raiz. Jorge Aragão, Beth Carvalho... ouvia também muito Elis Regina, Milton Nascimento, Djavan, Toquinho, Cartola. Minha infância foi só MPB e samba, e de vez em quando até surgia um reggae. Como eu sempre gostei de palco, desde pequena sempre quis atrair a atenção das pessoas, eu decidi que queria ser artista. E o natural pra mim foi pensar em ser cantora de MPB. Daí entrei em umas aulinhas de técnica vocal e tal, mas como sempre fui muito ativa, espoleta, não conseguia parar quieta nem escrever nada que coubesse nessa levada MPB. Quando eu finalmente comprei um CD do Fugees, eu encontrei a Lauryn Hill e saquei o que eu queria fazer. Depois disso, rolou uma competição no meu colégio quando eu tinha uns 16 anos e eu fui a única aluna que teve coragem de soltar um rap. A partir disso eu já sabia que a tal Karol cantora de MPB tinha ido para o brejo.
Mas você acabou absorvendo essas influências de samba, MPB e outros ritmos brasileiros, como dá para ver no próprio clipe de “Boa Noite”, não é?
Sim, foi aí que eu percebi que era possível misturar tudo isso. Tanto que muito da minha levada, do meu flow e da maneira que eu canto surgiu a partir do samba. As minhas melodias acabam ficando características por isso. Tanto que o meu novo clipe, “Boa Noite”, começa com um sample de Baianas de Alagoas, aquele “boa noite meu senhor e senhora”. Elas são um grupo de lavadeiras que cantam essas canções, e eu acho importante colocar um sample desses na minha música.
O rap brasileiro tem uma influência gigantesca dos gringos, o que é normal, mas eu acho importantíssimo que o meu trabalho reflita essa cultura do Brasil, do que temos aqui. Esse sample em “Boa Noite”, aliás, é uma homenagem à Nação Zumbi, porque o Chico Science já tinha usado um pedaço dessa música em uma faixa. Quando o clipe de “Boa Noite” passou na MTV, todo mundo queria saber que música era essa, de onde vinha esse sample. Despertou o interesse das pessoas exatamente em cima de algo que é característico do “ser brasileiro”, sabe?
Seu novo álbum segue essa tendência de explorar ritmos brasileiros?
Em uma das músicas eu já falei pro Nave, meu produtor, que queria muito colocar um sample super brasileiro. Daí a gente acabou colocando um batuque de uns repentistas cearenses que ouvimos em um vinil antiquíssimo. Tem um pedaço desse sample que é muito valioso para o que eu quero colocar na minha música. Eles repetem “quero amar, quero amar”, e é uma sonoridade que ficou super legal no disco novo.
Você fez uma pesquisa grande para ir atrás desses sons?
Na verdade foi algo mais intuitivo, de ir fuçando em coisas antigas e vinis e perguntar para as pessoas. Embora seja difícil afirmar isso de maneira categórica, eu sei o que vai ser agradável para o meu público, o que eles vão curtir. Então eu pesquisei muita coisa antiga de ritmos brasileiros, na mesma época em que fui atrás de sons gringos. Minha ideia no disco novo foi misturar tudo isso. Além de ritmos brasileiros, trouxe muita coisa de gente como Santigold, M.I.A, Erykah Badu... esse meu novo álbum vai trazer histórias que só eu vou contar.
Quais histórias seriam essas? Quais narrativas só você pode fazer?
Isso é surpresa, só conto depois (risos). Mas posso adiantar o seguinte: quero incluir um elemento de fábula, de conto, de narrativa. Quero que as pessoas possam ir para esse lugar feliz, esse mundo Conká.
Em uma das músicas eu já falei pro Nave, meu produtor, que queria muito colocar um sample super brasileiro. Daí a gente acabou colocando um batuque de uns repentistas cearenses que ouvimos em um vinil antiquíssimo. Tem um pedaço desse sample que é muito valioso para o que eu quero colocar na minha música. Eles repetem “quero amar, quero amar”, e é uma sonoridade que ficou super legal no disco novo.
Você fez uma pesquisa grande para ir atrás desses sons?
Na verdade foi algo mais intuitivo, de ir fuçando em coisas antigas e vinis e perguntar para as pessoas. Embora seja difícil afirmar isso de maneira categórica, eu sei o que vai ser agradável para o meu público, o que eles vão curtir. Então eu pesquisei muita coisa antiga de ritmos brasileiros, na mesma época em que fui atrás de sons gringos. Minha ideia no disco novo foi misturar tudo isso. Além de ritmos brasileiros, trouxe muita coisa de gente como Santigold, M.I.A, Erykah Badu... esse meu novo álbum vai trazer histórias que só eu vou contar.
Quais histórias seriam essas? Quais narrativas só você pode fazer?
Isso é surpresa, só conto depois (risos). Mas posso adiantar o seguinte: quero incluir um elemento de fábula, de conto, de narrativa. Quero que as pessoas possam ir para esse lugar feliz, esse mundo Conká.
Nenhum comentário:
Postar um comentário